Há tempos atrás existia uma onda de propagandas, figurinhas, álbuns, cartões e etc., que se falava de amor e sempre a frase se iniciava assim: Amar é..., e davam-se diversos significados. Muitos deles de forma cômica, outros em forma de charada, outros que até traziam palavras doces e bonitas. Eu lembro que virou até papo de mesa de botequim, amar é..., e todos completavam da forma que acreditavam ser séria, engraçada, verdadeira e humana de se amar.
Não sou uma pessoa certa para falar de amor, mas sou uma pessoa que acredita fielmente que ele existe e que sem o amor a vida se torna triste, solitária e infeliz de se viver. Por acreditar tanto em amor resolvi escrever um pouco sobre ele, me atrevendo a falar de coisas que muitas vezes nem cheguei a conhecer, ousando até em falar besteiras para quem realmente compreende o que é o amor.
Para mim: Amar é...
... Ser capaz de entender que ninguém é de ninguém, que somos seres humanos donos de nossa vida, capazes de errar e assumir nossos erros e conseqüências, que cada um tem seus direitos e deveres a serem respeitados, que cada um tem sua forma de agir, de pensar, de falar, de calar. Seja essa forma igual ou diferente de cada um, mas que seja respeitada por todos. Que cada um tem gostos, preferências, vontades, desejos e sonhos que podem ser partilhados ou individualizados.
É amar sem condições, que nem as mães que se doam aos seus filhos, impondo os devidos limites, é claro, mas, sempre os amando sem pedir nada em troca, dando todo o seu sentimento, perdoando, escutando, entendo e principalmente compreendendo.
É dar liberdade, confiando no que sente, pois como diz uma frase bem conhecida: “Se você quiser saber se algo é realmente seu, dê a liberdade, pois se for seu com certeza retornará, que nem um bumerangue, mas se não voltar é porque nunca foi seu.”, ou seja, amar também é saber entender que cada um tem o mesmo sentimento e confiar nesse sentimento, sabendo se valorizar como ser humano, estando sempre com sua auto-estima elevada, tendo segurança e confiança no que o outro sente por você, estando sempre de bem com a vida, com um sorriso nos lábios e ao olhar-se no espelho está contente com o que vê.
É amar sem apegos, sem restrições, sem regras, sem pudores, sem tabus, sem preconceitos, sem imposições, sem imperativos, sem cobranças. É dar apoio, é compreender sem duvidar, sem indagar. É dar colo, é dar ombro, é ter paciência, é se fazer entender, afinal de contas, ninguém nasceu sabendo ou pronto para adivinhar, estamos sempre aprendendo, e para aprender é preciso ensinar de forma clara.
É pedir a Deus pela felicidade de ambos, é torcer para que tudo dê certo, sem egoísmos ou egocentrismos. É amar de forma saudável, dando espaços entre si, para que sempre haja saudades quando distantes. É ter e dar privacidade, é dialogar quando necessário, é calar quando não há momentos pra conversas, é esperar pelo melhor momento para se dar uma notícia, seja ela boa ou ruim. É não impor vontades. É cuidar, zelar, proteger, é entender que o outro também é capaz. É simplificar sempre, complicar jamais. É encantar, envolver, aconchegar, sem posses ou domínio. É preservar, sem prender ou isolar.
Amar também é divertir-se, é brincar, aventurar, soltar, pular, correr. É chorar quando sente falta, é entregar-se de corpo e alma ao que sente, é dar e ter prazer em estar junto, é sonhar a dois, é amar sem medo do que vem pela frente, é amar a vida e todas as formas de viver, é ver o mundo colorido.
Amar também é ouvir a voz que vem do coração, é aceitar o sentimento que habita dentro dele, é deixar Deus agir através de você, é tentar ser instrumento de fé, de paz e de união. É entender que o outro não te ama e abrir mão do que sente para que ambos sejam felizes. Porque lutar por alguém que não sente nada por você? O melhor nesse momento é entender, aceitar e buscar alguém digno do seu sentimento, deixando o outro livre para ser feliz ao lado de quem se ama.
Aí é exatamente nesse momento que você para, reflete e diz que quem está escrevendo tudo isso ou é louca, ou é romântica, ou é ingênua demais. E, então eu lhe respondo: posso ser tudo o que quiserem que eu seja, mas acredito que se todos passassem a acreditar mais e desconfiar menos, aceitar mais e querer mudar menos, não teríamos hoje, um mundo tão cheio de ódio, rancor, injustiças e mágoas que assolam os corações dos homens que foi criado por Deus para amar. Amar, crescer e multiplicar.
Quando conhecemos alguém e nos apaixonamos, tornamos possível que o amor venha logo como conseqüência, daí quando passamos amar, muitas vezes corremos o risco de deixar de lado tudo o que se fazia quando iniciamos uma relação. E, assim como as rosas quando se deixa de regá-las elas murcham e se não cuidarmos a tempo, elas podem vir a morrer. Assim também é o amor, se o esquecemos ou não fazemos nada para mantê-lo, ele pode vir a morrer. Por isso, que cada um de nós é responsável por manter sempre regado o nosso coração. Se ambos fizermos a nossa parte tudo de bom pode vir a acontecer, mas se formos esperar um pelo outro, começarão a surgir as cobranças, os ciúmes, as desconfianças e etc., que acredito serem a causa da destruição de um amor entre dois seres. Muitas vezes queremos mudar as pessoas para se adequarem ao nosso modo de ser e de viver, esquecendo que foi dessa maneira que a conhecemos, foi da forma que ela é que fez com que fosse possível amar. Não se deve querer mudar ninguém, ao não ser quando solicitado para ajudar a mudar quem realmente quer mudar.
Se estou certa? Não sei. Mas realmente é nisso em que acredito e isso que mantém acesa dentro de mim a chama do amor. É que mantém viva a criança que existe dentro de mim, permitindo assim que eu acorde todos os dias sorrindo, tentando livrar-me, de todas as formas de tudo aquilo que pode vir a mudar a minha forma de pensar. Afinal de contas como está escrito em uma frase célebre: “Penso, logo existo”.
Agora, olhando para um outro lado, amar também pode trazer alguns sofrimentos e dores, mas como? Você deve está se perguntando, e já vou respondendo: Quando amamos e temos que aceitar que algo impede de ir em frente, quando permitimos que o medo, a distância, o preconceito, a opinião alheia e até mesmo nossas responsabilidades e decisões matem um sentimento tão puro quanto a amor que sentimos por alguém. Acredito que essa é a maior dor que um ser humano pode sentir: A dor de perder alguém que amamos e que nos ama em igual intensidade. Perder, não por escolha, mas por necessidade. Mas, é como citei acima, temos que analisar cada situação, pois muitas vezes, queremos ter ao nosso lado alguém que sente o mesmo por nós e não consegue ser feliz ao nosso lado. Nesse caso é melhor deixar que cada um se decida e que tome uma decisão para a busca da felicidade de ambos.
Agora, nada, eu digo nada, pode fazer com que deixemos de amar, nem mesmo a dor de perder, pois nascemos para ser felizes, e ser feliz é sinônimo de amar.
Luisa Monteiro
30.09.2005