Tive muitos sonhos no decorrer da minha vida, que hoje sei ter sido ainda muito curta, tenho muito tempo pela minha frente, sinto que vou poder viver muito e que vou continuar sonhando como ainda sonho.
Sonho sempre com sucesso, com carreira definida, com realizações, independência, amor, liberdade, sonho com tudo e por muitas vezes vivencio os meus sonhos de tal forma que entro dentro deles e faço tornarem-se realidade. Com isso convivo muito bem, pois não tenho nenhum receio de ser alguém fora dos padrões da sociedade em que fui criada. Mas, sinto que ainda não convivo muito bem com a perda. Perder algo ou alguém ainda é muito imaturo dentro de mim. Perder algo já está bem definido, se perdi é porque não era pra ser meu, mas perder alguém ainda é muito dolorido. Pois sinto muito a falta daqueles que já se foram, daqueles que são muito importantes para mim.
Às vezes me encontro entediada, tento me animar recordando momentos bons, mas geralmente estes bons momentos trazem junto alguém que já se foi, alguém que não está mais presente em minha vida, por algum motivo meus bons momentos ficaram pra trás.
Por vezes quando durmo tenho sonhos e que me fazem muita falta quando acordo, fazendo com que eu não tenha nenhuma vontade de acordar para que este sonho lindo e maravilhoso continue acontecendo como se fosse a minha realidade. Mas, isso não é certo, é como se eu quisesse viver num mundo irreal, num mundo perfeito e fora da minha realidade, isto é como se eu estivesse me enganando e não quisesse enfrentar minha vida real por medo de sofrer, por medo de novamente perder.
Sempre tenho a sensação de que vou perder aquilo de bom que conquistei, pois as pessoas ou coisas boas que aparecem na minha vida chegam e me fazem feliz por pouco tempo, logo depois vão embora, deixando dentro de mim um grande vazio.
Não consigo lidar com essa falta, com essa dor insuportável, com essa angústia de querer de volta o que já se foi. É muito cruel, para alguém que está acostumado a lutar, a ir em busca do sempre quis, a enfrentar dissabores, a passar por cima de obstáculos, de repente saber que não pode fazer nada para recuperar o que já perdeu.
Sempre tenho em mente não me deixar vencer pelo apego, pois acredito que serei feliz no momento que não tiver apego nenhum, pois apegar a alguma coisa é estar preso aquilo. E, não suporto me sentir presa, acho que é por isso que sofro, por deixar-me apegar a tudo e a todos aqueles que me fazem bem. Mas, também não posso esquecer que isso faz parte da vida.
Viemos a este mundo com uma missão, que só cabe a Deus saber qual é esta missão. E, nesse pacote chamado vida, que recebemos ao nascer está tudo aquilo que vivenciamos: Amores, dores, tristezas, alegrias, sabedoria, discernimento, justiça, perdas, ganhos, sofrimentos, etc. Isto tudo é para que, aprendamos a viver, nascemos totalmente dependentes de alguém, nos ensinam a andar, a cair, a chorar, a gritar, a sorrir. Mas não nos ensinam a amadurecer, isto é uma decisão nossa, pois se aceitamos o que nos acontece e tentamos tirar desse acontecimento algum aprendizado, estamos então começando um processo indefinido de amadurecimento, que nem sempre é o caminho mais fácil. Agora, se cada vez que nos acontece algo, ao invés de haver uma aceitação, começar a haver questionamentos sobre se mereço ou não o que está acontecendo comigo, se fiz ou não algo para merecer isto, acredito que estamos adiando nosso amadurecimento indefinidamente.
Às vezes me pergunto se estou no caminho correto, se escrever aquilo que penso não é muita pretensão para um simples ser humano, que está aqui para uma missão que nem sabe qual é, e nem muito menos se é obediente o suficiente para seguir um caminho que Deus me reservou e que não sei se estou nele ou se já me desviei. Mas, posso dizer com certeza, que tento todos os dias ser uma pessoa justa. Apesar de que nem sei se isto é suficiente.
Luisa Monteiro
29.10.2005
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