Estou em uma fase da minha vida e do meu trabalho, onde preciso viajar muito, e são nessas viagens que encontro um tempo pra mim, para refletir sobre os meus passos, sobre o meu passado, presente e futuro, é nesse momento que tenho inspirações para escrever, idéias de ação para por em prática. São momentos ricos, pois não tenho interferência de nada e nem da opinião de ninguém. É nesse momento também que traço meus objetivos, analiso minhas metas e percebo o quanto já conquistei, o quanto Deus me deu, quantas pessoas são importantes e muitas delas nem sabe que são. Sinto que estou errada, pois nada melhor do que ser valorizado por alguém e estou deixando o tempo me engolir de tal forma que não me sobra tempo para dizer aqueles a quem amo o quanto são importantes pra mim.
Nessas viagens fico por muitas horas a noite presa em um apartamento, vivendo de sonhos, de vontades, de desejos, de solidão. Me pego conversando sozinha, andando pelo apartamento em busca de soluções para alguns problemas que sempre teimam em aparecer no dia-a-dia. Olho pela janela do quarto e observo as pessoas que lá em baixo passam, andando ou correndo, mas com um objetivo a ser alcançado em suas mentes e, eu me encontro aqui mais uma vez me enchendo de inspiração, então eu desabafo a minha tristeza, as minhas mágoas, a minha saudade aqui nesse pedaço de papel, que parece que me entende, parece que absorve a dor do meu peito nesse instante, é como se ele tivesse pena desse coração.
A noite passa, o dia nasce e me entrego ao meu trabalho, vejo pessoas ao meu redor, começo a conversar, a rir e novamente a sonhar com coisas boas, o tempo passa e o dia inteiro estou ocupada, mas ao retornar novamente ao quarto do hotel, percebo que tenho inúmeras pessoas ao meu redor, mas só você não está, só falta você, seus carinhos, suas palavras, sua atenção, seu corpo, seu cheiro, você não está aqui perto de mim e eu me sinto tão só, sem teus beijos, sem teus abraços pra me aquecer. E, mais uma vez olho a janela, sinto o medo e o frio me envolverem e passo a chorar, pois percebo que eu não tenho você aqui.
Tento esconder de mim mesma que estou só, mas não consigo, pois não te esqueço um só minuto, você não sai da minha cabeça e nem do meu coração. Sinto medo de te perder, medo de que você me diga um dia que já não me ama mais e tudo o que vivemos juntos, toda aquela história de amor você simplesmente querer jogar para trás.
Sinto que a cada dia aumenta essa distância entre nós, e aí eu pego o telefone, nesse momento posso pelo menos ouvir tua voz e reduzir a falta que você me faz.
Dizem que um verdadeiro amor não se acaba, dorme para acordar mais belo e que nem o tempo ou a distância pode separar duas pessoas que se amam. Sinto-me como a lua e você como o sol, somos tão difíceis de encontrar. Fico pensando no que fazer, e me desespero por não poder fazer nada, mas tenho a certeza de que nunca quero imaginar que não vou ter mais você aqui, perto de mim.
Não sei por que escrevo, mas sinto que preciso por tudo isso no papel, é como se eu estivesse prevendo algo que vai acontecer, não gosto de pensar assim, mas não posso mudar o dom que Deus me deu, o dom de sentir antecipadamente algumas coisas, o dom de ser sensível ao que se passa ao meu redor, o dom de passar para o papel o que sinto, o que vejo, o que sonho, o que tenho vontade.
Nesse momento gostaria que estivesse aqui, para conversar, para me acalmar, pra me dizer coisas que só você sabe dizer, para me ensinar tudo o que só você sabe ensinar.
Ás vezes me pergunto se sou digna desse sentimento, se sou digna de ter conhecido você, se sou digna de ter atravessado o seu caminho.
Este é apenas mais um desabafo, de quem hoje se sente só, de quem hoje sente saudades, tristeza. E, que devaneia em seus sonhos de que um dia tudo acontecerá de acordo com o que Deus traçou para a minha vida e quem sabe para a sua.
Luisa Monteiro
27.09.2005
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